Em meio à recessão dos planos de saúde no país, Cassems mantém atendimentos e expansão em MS

Os planos de saúde em todo país estão vivendo momento de recessão e mudanças no atendimento dos beneficiários, como inúmeros cancelamentos unilaterais de planos de saúde por parte das operadoras. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), eles somaram 5.888 entre janeiro e abril deste ano, número que representou um crescimento de 31% em relação ao mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2023, os cancelamentos somaram 15.279. Em 2022, foram 11.096.

A operadora Amil, por exemplo, tem cerca de 70 mil contratos por adesão. Desse total, 35 mil seriam cancelados a partir de junho. Com o acordo feito em Brasília, 5 mil cancelamentos foram revistos, porque incluem pacientes internados, em tratamento grave ou com diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA). Os outros 30 mil cortes, contudo, serão mantidos, conforme divulgou a imprensa nacional.

Diferentemente de algumas operadoras no país, a Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems), presidida por Ricardo Ayache, tem conseguido manter os atendimentos. O Jornal Servidor Público MS entrevistou a direção para comentar sobre a atual situação do plano de saúde que atende a maior parte dos servidores públicos do Estado.

Muitos planos de saúde estão cancelando os contratos de pacientes que apresentam doenças graves, ou seja, de alto custo. Como a gestão da Cassems tem mantido os atendimentos?

Cassems: O custo com a assistência à saúde aumentou significativamente nos últimos anos, no entanto, a Gestão da Cassems segue trabalhando para que nosso plano de saúde cresça em qualidade garantindo ainda assim, o melhor custo do mercado. Foi assim que nós nos tornamos referência em saúde para o Mato Grosso do Sul e para o Brasil.

Além disso, nos últimos anos, ampliamos a nossa estrutura proporcionando melhor qualidade de assistência, foi assim que surgiu o novo Hospital Cassems de Dourados, o Espaço Somos Cassems – TEA, para acompanhamento e tratamento de crianças e adolescentes autistas, e vamos inaugurar em breve a UTI e o serviço de hemodinâmica, para tratamento de doenças cardíacas, do Hospital Cassems de Ponta Porã.

Pós-pandemia, com o impacto financeiro, muitas operadoras diminuíram serviços. Como a Cassems se manteve e expandiu com inovas unidades de atendimento?

Cassems: Para manter os atendimentos de qualidade aos beneficiários da Cassems, a Gestão implementou medidas administrativas que incluem negociações com prestadores de serviços, fornecedores, verticalização de serviços de otorrinolaringologia e oncologia. Além da revisão do modelo de contribuição da operadora, aprovado em Assembleia Geral Extraordinária, realizada em julho do ano passado, em que beneficiários titulares do plano participam das decisões da Caixa dos Servidores.

Nessa assembleia criamos a Contribuição Fixa no valor de R$35 por beneficiário podendo chegar a R$140 e isenta beneficiários da Cassems da cobrança do fator participativo de tratamentos odontológicos e de outras terapias em que sejam necessários o uso de materiais de “Órtese, Prótese e Materiais Especiais – OPME”.

Investimos também em medidas sustentáveis, como a implantação da Usina Fotovoltaica da Cassems, que com impacto zero para o meio ambiente já trouxe mais de R$8 mi de economia. Somente em 2023, a usina conseguiu gerar mais de R$ 3,4 milhões em economia, o que equivale a 41,71% do custo total gerado pelo consumo das unidades beneficiadas pelo empreendimento.

É importante ressaltar que a Cassems investiu R$ 290 milhões para o tratamento dos pacientes e no combate à pandemia, seja aumentando nossas estruturas, ajudando na vacinação da população, ajudando na testagem da população. O investimento valeu à pena, pois conseguimos, na rede de hospitais da Cassems, uma taxa de recuperação de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de 89%, enquanto a média brasileira foi de 62%.

Por outro lado, essas eram despesas que não existiam anteriormente e trouxeram um impacto significativo em nosso orçamento. Além disso, vale ressaltar que no pós-pandemia, tivemos um aumento do custo assistencial, e isso trouxe a necessidade de nos adaptarmos.

Para reduzir esse impacto buscamos, junto ao Governo do Estado e conseguimos por intermédio de deputados estaduais e entidades sindicais, como o Fórum do Servidor, uma compensação financeira para a Cassems de R$ 60 milhões. A primeira parcela, recebida no ano passado, foi destinada à rede credenciada, ao pagamento de impostos e à aquisição de medicamentos.

No entanto, seguimos buscando aprimorar a nossa rede própria e adoção de medidas administrativas para reduzir custos, temos conseguido equacionar e racionalizar a utilização dos nossos recursos. Estudando e analisando propostas para encontrarmos alternativas para enfrentar a crise que assola a área da saúde suplementar no Brasil.

Qual é a estrutura de atendimento da Cassems na Capital e no interior? Qual o impacto financeiro que a entidade gera direta e indiretamente na economia do Estado?

Cassems: A Cassems tem trabalhado muito para construir um modelo de assistência à saúde de qualidade, mas que também tenha preços justos. A Cassems tem receita média per capita de R$ 426,65 e por esse motivo, se destaca entre as operadoras também ao oferecer o modelo e a qualidade assistencial ao menor custo para nossos beneficiários. Planos com a mesma qualidade que a Cassems, como o Bradesco Saúde que tem o custo médio de R$ 1.400/mês.

A Cassems se estrutura para estar sempre atualizada e condizente com o mercado altamente competitivo em que se insere. Atualmente, conta com 76 unidades de atendimento em Mato Grosso do Sul, Rede Credenciada com aproximadamente 3 mil profissionais de saúde. Em todo o estado, os beneficiários contam com 06 Centros de Diagnóstico, 04 Centros de Prevenção e 07 Centros Médicos. Somente em Campo Grande, fazem parte da rede própria o Centro Integrado de Atenção Psicossocial, Clínica da Família, Centro de Prevenção, Centro Médico e de Diagnóstico Avançado e o Espaço Somos Cassems – TEA, Unidade Cassems Carandá.

Além disso, a Caixa dos Servidores possui a maior rede hospitalar do estado. No total, são dez Hospitais Cassems que aliam tecnologia de ponta, hotelaria de qualidade, e atendimento humanizado nos municípios de: Campo Grande, Aquidauana, Corumbá, Coxim, Dourados, Ponta Porã, Naviraí, Nova Andradina, Três Lagoas e Paranaíba.

4 – Mesmo antes da pandemia da Covid-19, os servidores já enfrentavam uma defasagem salarial. Atualmente a perda salarial é de 39,43%, no salário do funcionalismo estadual correspondente ao período de maio de 2015 a maio de 2022, calculados considerando o IPCA\IBGE, conforme levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Diante deste fato, que também afeta a arrecadação da Cassems, como foi possível manter o atendimento aos beneficiários?

Cassems: A Cassems é fruto do diálogo, da conversa e com isso, temos hoje o maior plano de saúde de Mato Grosso do Sul. É importante termos esse entendimento porque conhecemos as dificuldades e as necessidades dos nossos beneficiários e eles entendem as dificuldades que a Cassems enfrenta. Por meio desse diálogo, com representantes sindicais, com o Governo, encontramos soluções para nossas dificuldades, de forma transparente, democrática e construtiva, essa é a realidade. Com uma gestão responsável, nós podemos avançar sempre.

Qual a principal diferença da Cassems com a maioria dos planos? Como é feita a gestão?

Cassems: A Cassems é um plano coletivo empresarial na modalidade de autogestão, isso significa que a operadora adota princípios da governança aberta e participativa que marcam os 23 anos de história da Caixa dos Servidores que está sempre inovando.

Foi assim com a criação da Rede Hospitalar da Cassems, que é formada por dez hospitais em diferentes regiões de Mato Grosso do Sul equipados e estruturados para oferecer procedimentos de pequena, média e alta complexidade. Da mesma forma, com a criação do Portal da Transparência uma plataforma onde a Cassems disponibiliza informações a beneficiários e demais pessoas interessadas em saber mais sobre as contas do plano de saúde.

Além disso, ao propor algo que hoje é apontado como alternativa para a sustentabilidade dos planos de saúde: a prevenção, a Cassems estimula hábitos saudáveis e promove o bem-estar e qualidade de vida para beneficiários. Desenvolveu projetos pioneiros no estado como a Clínica da Família, dedicado à atenção primária à saúde e o Espaço Somos Cassems – TEA, dedicado ao atendimento de crianças e adolescentes autistas.

A Cassems trabalha para fortalecer a nossa rede própria de atendimento, dentro das nossas unidades. Para implantar a TeleSaúde, facilitando assim o acesso à assistência à saúde principalmente para beneficiários do interior às especialidades com poucos profissionais no Estado. Além de desenvolver linhas de cuidados como a Rede Amo, dedicada ao tratamento de pacientes com câncer, e o Cassems Odonto. Um benefício que a Cassems oferece aos seus associados em viagem para aproveitar dias de folga com tranquilidade e a certeza de que terão à disposição atendimento de saúde de qualidade, fora de Mato Grosso do Sul, é o Passaporte Saúde.

Trabalhamos para que em um curto prazo tenhamos a primeira sala de cirurgia robótica do Hospital Cassems Campo Grande, a primeira sala do Mato Grosso do Sul. Garantindo assim qualidade assistencial, segurança e melhor qualidade de vida para todos os servidores públicos e seus familiares.

No cenário atual em que os planos de saúde estão passando por mudanças, quais são os desafios da Cassems?

A Cassems tem pela frente desafios como a pressão por reajuste dos contratos de prestadores de serviços, hospitais e especialidades médicas, o aumento nos medicamentos, a permanência do déficit operacional, o volume de atendimentos em alta, a sinistralidade em crescimento contínuo, a necessidade de recomposição das reservas financeiras e a elevação dos custos assistenciais.

Além da incorporação de novas tecnologias ao rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o aumento da expectativa de vida, algo para ser comemorado, no entanto é um desafio para a previdência social e para a saúde porque o custo da assistência à saúde também aumenta.

Roberta Cáceres / Jornal Servidor Público

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