Mpox: saiba quais são as vacinas disponíveis para a condição

Apenas duas farmacêuticas produzem vacinas contra a mpox e, a capacidade de entrega delas é menor do que a demanda pelos imunizantes\foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O mundo está preocupado com o avanço da nova variante da mpox, que provocou um surto de casos na África e já foi registrada na Europa. As primeiras evidências são de que a nova variante é mais contagiosa e mais letal do que a cepa prevalente em 2022.

Na quarta-feira (14/8), a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a mpox como emergência de saúde mundial. Um dia após o anúncio da OMS, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, montou um gabinete de crise para tomar as providências necessárias no âmbito nacional e informou que está negociando a compra de 25 mil doses de vacinas.

Como funciona a vacina contra a mpox?

A imunização contra a mpox é feita de forma cruzada, significa que se usa uma vacina elaborada para outro vírus da mesma família. Nesse caso, são usados os imunizantes desenvolvidos contra a varíola, que apresentam eficácia de 85% contra a mpox.

“Os estudos já mostraram a eficácia da vacina contra os clados 1 e 2. Como a maior parte da genética dos clados 1 e 2 é semelhante, considera-se que as vacinas atuais funcionarão contra a nova variante”, esclarece o especialista em genética médica molecular Salmo Raskin, diretor científico da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica.

Os imunizantes podem ser aplicados tanto antes como após a exposição ao vírus. No Brasil, apenas pessoas que vivem com o vírus HIV, profissionais de laboratórios que trabalham diretamente com o patógeno e equipes de saúde específicas recebem as doses pré-exposição. Os outros são vacinadas caso tenham tido contato com pessoas infectadas.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, explica não há necessidade de uma campanha de vacinação de larga escala, destinada a toda população. “São vacinas seguras e extremamente eficazes, mas a quantidade de doses disponível é pequena. Os imunizantes ficam para os grupos mais vulneráveis, que correm maior risco de quadros graves da doença”, explica o médico.

A Jynneos é a vacina contra a mpox mais utilizada no Brasil. Ela é aplicada em duas doses, sendo indicada para pessoas acima dos 18 anos. Após o anúncio de que crianças são as vítimas mais frequentes no atual surto na África, o fabricante da vacina solicitou à Agência Europeia de Medicamentos (EMA) que ela seja aprovada para o uso em adolescentes de 12 a 17 anos.

A vacina é desenvolvida a partir do vírus da varíola atenuado. Ela é administrada em duas doses com intervalo de quatro semanas entre elas. Apenas duas semanas após a dose de reforço, o corpo consegue chegar ao nível máximo de proteção.

Além da Jynneos, existe a vacina ACAM2000, que foi aprovada durante o surto de 2022. Essa vacina apresenta mais efeitos colaterais e contraindicações do que a vacina anterior.

Fabricante tem dificuldade de produzir vacinas

A OMS esperava que a Bavarian Nordic, fabricante da Jynneos, entregasse 2,5 milhões de doses em 2024 e mais 10 milhões em 2025. A empresa, porém, negou que consiga cumprir essas expectativas.

Em entrevista ao Stat News na sexta-feira (16/8), o CEO da empresa, Paul Chaplin, afirmou que conseguiria fabricar 2 milhões em 2024 e 8 milhões no ano que vem. “Estamos operando em capacidade máxima desde 2022, embora tenhamos conseguido fornecer vacinas a todos que solicitaram, foi difícil e consumiu nosso estoque. Não imaginávamos que o novo surto viria tão rapidamente”, lamentou.

Segundo Chaplin, o estoque atual da empresa é de apenas 300 mil doses. As dificuldades para dar conta da demanda são as limitações físicas das fábricas. Acordos para aumentar a oferta de cvacinas esbarram no preço de venda do imunizante, que é baixo e pouco atrativo às grandes empresas.

“Precisamos que outros atores se apresentem para controlar este problema que é internacional. Somos apenas parte da solução, não somos a resposta. Se não lidarmos com o problema nos países mais pobres, é questão de tempo para que ele retorne”, desabafou o representante da farmacêutica.

Vacinação no Brasil

A vacinação contra a mpox no Brasil foi iniciada em março de 2023 com o uso provisório da vacina Jynneos, liberada pela Anvisa na época.

O esquema priorizou a proteção das pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença. Desde o início da vacinação, cerca de 29 mil doses foram aplicadas.

Neste ano, foram registrados 709 casos de mpox no Brasil. Desde 2022, foram registrados 16 óbitos, sendo o mais recente em abril de 2023.

Fonte: metropoles.com/Bruno Bucis

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