Apesar de gastos milionários, Câmara deixou população no ‘escuro’ sobre projetos da prefeitura

sistema de consulta de projetos de lei da Câmara Municipal de Campo Grande passou o ano de 2023 sem mostrar as propostas em tramitação no Legislativo. Isso fez com que os cidadãos campo-grandenses tivessem que ‘se virar’ para tomar conhecimento sobre os textos das proposições, principalmente os enviados pela prefeitura da Capital. 

O problema só foi resolvido após a reportagem de O Jacaré pedir um retorno da assessoria de Comunicação da Câmara de Vereadores, na última quinta-feira (30). No entanto, o sistema ainda apresenta instabilidade e chegou a ficar fora do ar neste fim de semana. A situação já havia sido questionada em maio deste ano, quando foi constatada a falha no site disponível no portal do Legislativo. Porém ficou insustentável com a indisponibilidade do projeto de lei complementar que pode fazer o salário de auditores fiscais chegar a R$ 70 mil.

A última votação de projetos na Câmara, na quinta-feira, evidenciou a importância de poder acompanhar as propostas em tramitação na Casa. Estava na pauta, apenas a análise do projeto de lei complementar 888/23, de autoria da prefeitura. No entanto, foram aprovadas quatro proposições, entre as quais, as mudanças nas regras do bônus de produtividade dos auditores fiscais da Receita Municipal, o PLC 900/23. E também o PLC 901/23, que altera o auxílio transporte dos auditores fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Ou seja, três projetos entraram em regime de urgência, quando a aprovação é feita a toque de caixa no plenário, poucos dias após a proposta dar entrada na Casa de Leis. Nenhum dos textos dos PLCs enviados pela prefeitura estavam disponíveis no sistema de consulta nem no Diário Oficial do Legislativo.

O projeto de lei complementar 888/23, que estava na pauta da última sessão, não aparecia na pesquisa. (Foto: Reprodução)

Isso faz com que a população em geral, mesmo os mais interessados, fique de fora do debate ou dependente apenas das informações publicadas pela imprensa. Sem poder tomar a iniciativa de monitorar o que pode ter impacto na administração, no orçamento, e no dia a dia da cidade.

Com o sistema sem funcionar, uma alternativa para acessar os textos dos projetos seria fazer uma busca no link onde estão os Diários do Legislativo. No entanto, isso só é possível com proposições de autoria dos vereadores; os enviados pela Prefeitura de Campo Grande, somente através de alguma “fonte” na Câmara ou terceiros.

Na quinta-feira (30), a reportagem enviou diversos questionamentos à assessoria da Câmara, que não foram respondidos. Apenas foi repassado a informação de que fizeram um “upgrade” no sistema de busca de projetos e que estava funcionando nesta sexta-feira (1º), mas saiu do ar logo depois.

Ainda na sexta-feira (1º), o sistema saiu do ar e apresentou instabilidade durante fim de semana. (Imagem: Reprodução)

A correção ocorre a duas semanas para o recesso da Câmara Municipal de Campo Grande, as férias dos vereadores. O principal projeto do fim do ano já foi aprovado, na terça-feira (28), a Lei Orçamentária Anual de 2024 com previsão de R$ 6,4 bilhões, que representa um crescimento de 18,6% em comparação ao último ano.

Além disso, este ano de 2023 teve um marco no orçamento do Legislativo. Os vereadores ganharam reajuste de 20% na verba indenizatória e o valor da “ajuda de custo” saltou de R$ 25 mil para R$ 30 mil por mês.

A verba indenizatória paga pela Câmara Municipal de Campo Grande acumula aumento de 257% em seis anos – passou de R$ 8,4 mil em janeiro de 2017 para R$ 30 mil no último mês de setembro. O reajuste foi seis vezes acima da inflação registrada no período. A farra dos 29 vereadores com a ajuda de custo vai custar R$ 10,440 milhões por ano aos campo-grandenses.

Fonte: O Jacaré

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