Número de carros cresce, mas receita com pedágio cai e CCR fecha com prejuízo de R$ 306 milhões
Apesar do número de veículos ter crescido na BR-163, superando 51,3 milhões no ano passado, a CCR MS Via informou que houve queda de 29% na receita com a cobrança de pedágio. A empresa terminou 2022 com prejuízo de R$ 306,1 milhões, aumento de 305% em relação ao anterior, conforme o balanço publicado na última quinta-feira (2).
Apesar de registrar sucessivos prejuízos, a concessionária não desiste de administrar a rodovia e vai continua cobrando pedágio por mais dois anos. Na sexta-feira, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) prorrogou o contrato com a MS Via por mais dois anos até a conclusão da nova licitação. A audiência pública para debater o edital vai ocorrer no dia 22 deste mês.
A MS Via informou redução de 49% na receita total no ano passado em relação a 2021, de R$ 403,3 milhões para R$ 205,8 milhões. O principal impacto foi a queda de 29% na receita com pedágio, de R$ 231,9 milhões para R$ 164,2 milhões. A redução é reflexo da inclusão do excedente tarifária de R$ 177,7 milhões, conforme anotado no balanço, o valor foi determinado pelo órgão regulador no aditivo para a manutenção do contrato até relicitação.
O curioso é que não houve redução no preço do pedágio, que permanece entre R$ 5,80 e R$ 7,80 para automóveis. Também houve aumento de 1,1% no movimento de veículos, de 50,785 milhões para 51,368 milhões entre 2021 e 2022. Desde a cobrança da tarifa, em setembro de 2014, a empresa já faturou R$ 1,985 bilhão com pedágio. Em média, 140.7334 carros pagam pedágio por dia ao longo dos 845 quilômetros da BR-163.
Houve aumento de 132% no investimento no ano passado, com R$ 38,2 milhões, contra R$ 16,4 milhões em 2021. A maior parte do gasto foi com a implantação do viaduto em Dourados.
As despesas e custos da concessionária tiveram aumento de 17,8% no período, de R$ 383,3 milhões para R$ 451,5 milhões.
Com aumento da despesa e queda na receita, a CCR MS Via contabilizou aumento de 305% no prejuízo, de R$ 75,490 milhões, registrados em 2021, para R$ 306,138 milhões no ano passado. O montante só é inferior ao registrado em 2020, pico da pandemia da covid-19, quando a despesa superou a receita em R$ 348,8 milhões.
Houve aumento de 3% no número de acidentes de trânsito na BR-163, de 1.511 para 1.557 entre 2021 e 2022. Houve alta de 2,4% no número de feridos, de 629 para 644. Por outro lado, a boa notícia é que caiu o número de mortos, de 54 para 52.
A BR-163 vai continuar com a CCR até a nova licitação. Pelo edital em estudo pela ANTT desde o ano passado, a rodovia será dividida em dois lotes e não será exigida a duplicação total, como previa o contrato firmado em 2014 na gestão de Dilma Rousseff (PT). O Governo de Jair Bolsonaro (PL) previa duplicar apenas 67 quilômetros e elevar o valor do pedágio para entre R$ 12 e R$ 14.
Haverá a inclusão da BR-267 no lote e o projeto poderá ter um edital para o trecho entre Campo Grande e Sonora e outro entre a Capital e Mundo Novo.
Fonte: O Jacaré