Caso Sophia: mãe e padrasto ficam em silêncio durante última audiência sobre morte de menina

De acordo com advogados de defesa dos réus, eles só falarão durante julgamento. Pai de Sophia, Jean O’Campo, compareceu na audiência e disse que os dois foram “covardes”.

Sthepanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim escolheram ficar em silêncio durante última audiência de instrução realizada nesta quinda-feira (28), sobre o caso de Sophia O’campo, que morreu aos 2 anos, em janeiro deste ano.

Os dois estão presos preventivamente desde 26 de janeiro deste ano, pelos crimes de homicídio qualificado e estupro de vulnerável.

Ao juíz, Sthepanie disse que gostaria muito de falar, mas que por orientação de seus advogados, ficaria em silêncio. Por sua vez, defesa dela, Camila Garcia de Rezende, alegou que a ré só iria depor se a audiência tivesse sido adiada, pedido que foi negado logo no início da sessão.

Mãe e padrasto de Sophia não falaram durante audiência. — Foto: Jéssica Benitez

Mãe e padrasto de Sophia não falaram durante audiência. — Foto: Jéssica Benitez

O advogado de Cristian, Renato Cavalcante Franco, afirmou que orientou o cliente a ficar em silêncio porque ainda serão anexadas mais provas ao inquérito, como a perícia do celular de Christian.

“A lei diz que o interrogatório acontece por último. Então como está faltando documento, que a gente precisa mostrar para eles, para eles saberem o que tem naqueles documentos, nós orientamos no caso Christian que ele falasse em outra oportunidade”, apontou.

O pai de Sophia, Jean Carlos O’campo, acompanhou a audiência ao lado do marido, Igor de Andrade. Abalado, Jean se referiu à mãe de Sophia, Sthepanie, como “genitora” da criança e afirmou que foi até o Fórum mostrar que estava lutando pela filha.

A partir de agora, o processo vai para as alegações finais.

Pai de Sophia já está no Fórum de Campo Grande. — Foto: Jéssica Benitez/TV Morena

Pai de Sophia já está no Fórum de Campo Grande. — Foto: Jéssica Benitez/TV Morena

“Menina triste”

A última pessoa chamada para depor durante a audiência foi ouvida nesta quinta. Josias Júnior é ex-marido da tia de Christian e compôs o quadro de testemunhas de defesa dele. Ele demorou para ser localizado, porque sua esposa disse para os oficiais de Justiça que ele era caminhoneiro.

No entanto, quando a polícia foi acionada para localizá-lo, o encontrou trabalhando em local fixo. Para o juiz, Josias afirmou que a esposa mentiu porque ficou nervosa.

Durante seu depoimento, ele afirmou que teve pouco contato com Christian depois que se separou de sua ex-mulher, e também viu Sophia poucas vezes.

Josias Júnior durante depoimento — Foto: Jéssica Benitez

Josias Júnior durante depoimento — Foto: Jéssica Benitez

“Nunca viu Sophia machucada, ela só ia lá brincar com as outras crianças. Na verdade ela não era muito de brincar porque ela era meio triste, ficava quieta no cantinho dela com um brinquedinho, mas só. Machucada não”, afirmou.

Em seguida, a defesa de Sthepanie questionou Josias se Sophia era realmente triste, ou se era apenas tímida. Ao que a testemunha respondeu que sabia distinguir, porque tinha três filhos. “Me parecia que ela sentia falta de afeto”, completou.

Sophia morreu com dois anos em Campo Grande — Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução

Sophia morreu com dois anos em Campo Grande — Foto: Arquivo pessoal/ Reprodução

Relembre o caso

Sophia Jesus Ocampos, de 2 anos, morreu no dia 26 de janeiro de 2023. Ela foi levada já sem vida pela mãe à UPA do Bairro Coronel Antonino. Segundo o médico legista, o óbito havia ocorrido cerca de sete horas antes.

Em depoimento, a mãe confirmou que sabia que a menina estava morta quando procurou a unidade de saúde. O laudo de necropsia do corpo da menina, emitido pelo Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), apontou que a causa da morte foi por traumatismo na coluna cervical e confirmou que Sophia foi estuprada.

A declaração de óbito aponta que a causa da morte foi por um trauma na coluna cervical, que evoluiu para o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica. O documento ainda diz que a menina sofreu “violência sexual não recente”.

Suspeitos de cometerem o crime tiveram a prisão temporária convertida em preventiva — Foto: Redes sociais

Suspeitos de cometerem o crime tiveram a prisão temporária convertida em preventiva — Foto: Redes sociais

As idas de Sophia à unidade de saúde eram frequentes. O prontuário médico da menina consta que ela passou por 30 atendimentos médicos em unidades de saúde da capital, uma delas por fraturar a tíbia.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) investiga se houve falhas nos atendimentos prestados à menina. O processo administrativo vai ouvir servidores públicos da Sesau para colher informações.

Igor de Andrade, companheiro do pai da menina, relatou ao g1 que eles tentaram conseguir a guarda da criança, mas um dos impedimentos seria a homofobia por parte da mãe da vítima.

Fonte: G1MS

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